Uma Nova Forma de Medir o Discipulado Evang�lico

H� alguns meses, quando eu falava sobre lideran�a com integridade em uma escola crist� local, um grupo de meninos mencionou um influenciador popular da Gera��o Z. Esse influenciador ganhou muitos seguidores espalhando ideias prejudiciais sobre as mulheres, o que levou ao seu banimento de v�rias plataformas e ao seu ?cancelamento? por muitos grupos. No entanto, entre alguns jovens, ele se tornou ainda mais popular.

Quando mencionei o nome desse influenciador para aquela turma do ensino m�dio, a rea��o foi imediata. Gosto quando o ambiente fica agitado, especialmente ao ensinar adolescentes. Esse caos � uma boa oportunidade para ensinar, e eu j� tinha na mente um discurso improvisado sobre integridade, escrito pelas experi�ncias que vivi.

Ver aqueles jovens defendendo com tanta paix�o o seu �dolo me lembrou de como eu era h� dez anos. No final da adolesc�ncia, comecei a seguir os ensinamentos de um l�der popular na igreja evang�lica. Ele era um �timo professor, que construiu uma das igrejas que mais crescia nos Estados Unidos. Era barulhento, provocador e, sinceramente, eu o achava incr�vel! Era emocionante ouvi-lo pregar!

Por anos, ele se tornou cada vez mais conhecido, at� que, de repente, sua igreja desmoronou. Por qu�? Porque ele n�o era apenas barulhento e provocador no p�lpito, mas tamb�m fora dele. Ele tinha grandes talentos, mas n�o tinha o car�ter necess�rio para us�-los de forma adequada.

Fiquei me perguntando se os jovens que defendiam seu �dolo t�xico um dia passariam pela mesma decep��o que eu vivi. Descobrir que um l�der religioso que voc� admirava e que influenciou sua f� n�o era quem voc� pensava � uma experi�ncia dolorosa, que pode levar anos para ser resolvida em sua jornada espiritual.

Esse tipo de lideran�a t�xica n�o � exclusividade de pastores de megaigrejas. Infelizmente, muitos jovens l�deres me procuram decepcionados, tendo dificuldades em conciliar o que veem em crist�os mais velhos que antes admiravam. Esses crist�os, que pareciam ser exemplos, na verdade, demonstraram ser narcisistas, vingativos, racistas e ego�stas (Gl 5.19-21).

Se voc� � evang�lico, talvez saiba do que estou falando. Precisamos parar e pensar se a forma como avaliamos o crescimento espiritual e a maturidade est� errada. Qual � o crit�rio que usamos para permitir que certos l�deres alcancem posi��es de influ�ncia sem o car�ter necess�rio? Ser� que esse crit�rio � parte do problema?

A Medida de Jesus para o Discipulado

Jesus entendia a import�ncia de usar a m�trica certa para avaliar a maturidade espiritual.

No in�cio de seu minist�rio, ele nos alertou: ?Cuidado com os falsos profetas. Eles v�m a voc�s disfar�ados de ovelhas, mas por dentro s�o lobos vorazes. Voc�s os reconhecer�o pelos seus frutos? (Mt 7.15-16a).

Jesus nos chama a prestar aten��o especial em nossos l�deres. Ele nos garante que � poss�vel distinguir lobos de ovelhas, apenas observando os frutos que produzem.

Da mesma forma, no fim de seu minist�rio, Jesus destacou novamente a import�ncia dos frutos. Ele disse: ?Eu sou a videira; voc�s s�o os ramos. Se algu�m permanecer em mim e eu nele, esse d� muito fruto; pois sem mim voc�s n�o podem fazer coisa alguma. Meu Pai � glorificado pelo fato de voc�s darem muito fruto; e assim ser�o meus disc�pulos? (Jo 15.5,8).

O que Jesus est� nos dizendo � que h� uma m�trica que nos ajuda a ver se algu�m � realmente um disc�pulo de Cristo ou um ?lobo voraz?. Essa m�trica s�o os frutos que esse disc�pulo produz.

Jesus continua em Mateus 7.16-17: ?Voc�s os reconhecer�o pelos seus frutos. Pode algu�m colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Da mesma forma, toda �rvore boa d� frutos bons, mas a �rvore ruim d� frutos ruins?.

Que tipo de frutos devemos procurar? O que significa, para um disc�pulo, produzir bons frutos? Como os reconhecemos?

Muitas vezes, na comunidade evang�lica, ficamos chocados ao descobrir que pessoas que pens�vamos serem boas ovelhas eram, na verdade, lobos disfar�ados.

Ser� que somos t�o ing�nuos ou os l�deres s�o t�o habilidosos em enganar? Ou ser� que estamos usando a m�trica errada para avali�-los?

A Medida de Paulo para o Discipulado

Felizmente, o ap�stolo Paulo nos d� a resposta. Ele descreve as qualidades que algu�m que produz o fruto do Esp�rito deve ter: ?amor, alegria, paz, paci�ncia, amabilidade, bondade, fidelidade, mansid�o e dom�nio pr�prio? (Gl 5.22-23).

O fruto do Esp�rito na vida de um disc�pulo est� mais relacionado ao car�ter interior do que � sua capacidade exterior.

A m�trica de Paulo para avaliar se algu�m � espiritualmente frut�fero n�o inclui nada relacionado � frequ�ncia, dons ou talentos, sucesso, efic�cia ou a��es externas. Ele n�o diz que o fruto do Esp�rito � ter uma grande igreja, ser um pregador extraordin�rio ou ter uma lideran�a vision�ria.

O fruto do Esp�rito est� relacionado ao interior da pessoa, a quem ela est� se tornando em Cristo, e n�o ao que ela faz para Cristo. N�o tem nada a ver com dons, capacidades ou compet�ncias, mas tudo a ver com car�ter.

� aqui que cometemos o maior erro ao avaliar a lideran�a espiritual e a maturidade pessoal. Muitas vezes, justificamos a falta de car�ter com o que consideramos ?sucesso mission�rio?.

Desde que a pessoa ?fa�a?, n�o importa o que ela ?seja?.

Por exemplo, algu�m que tenha o v�cio da fofoca (que gera desuni�o) � rapidamente perdoado se for um pregador talentoso. Seus pecados s�o ignorados por causa de seus dons. Fechamos os olhos para os erros de algu�m que tem talento para a lideran�a e ajuda a criar iniciativas, mas que � irritadi�o e excessivamente ambicioso, pois ele deve ser (segundo a l�gica evang�lica) ?um homem de Deus?. No entanto, questionamos o sucesso de algu�m que leva uma vida humilde em uma igreja pequena, mesmo que ele demonstre o fruto do Esp�rito.

Jesus nos encoraja a prestar aten��o ao fruto associado ao car�ter e � maturidade emocional, n�o � compet�ncia exterior. Essa � a m�trica que devemos usar para descrever algu�m que est� crescendo espiritualmente e desfruta de bem-estar interior.

Gosto da forma como Pete Scazzero, autor de Discipulado Emocionalmente Saud�vel, fundamenta o ensino de Paulo: ?N�o se pode separar sa�de emocional e maturidade espiritual. � imposs�vel ser espiritualmente maduro e continuar emocionalmente imaturo? (p. 138-139).

Devemos usar intencionalmente as listas que Paulo nos fornece em suas cartas como crit�rios para avaliar o verdadeiro discipulado evang�lico. Devemos nos alegrar ao ver aqueles que produzem o fruto do Esp�rito e imitam a Cristo.

Por outro lado, os que produzem as obras da carne devem nos causar preocupa��o. Caso contr�rio, deixaremos de ser v�timas e nos tornaremos, na verdade, participantes do sistema que criticamos.

Aplicando a M�trica em Casa

Como crist�os, devemos refletir profundamente. Somos parte do sistema que produz crist�os t�xicos. Todos n�s, de alguma forma, valorizamos mais o que se faz do que o car�ter e o ser. Antes de sermos capazes de restaurar o sistema, precisamos come�ar a buscar a restaura��o interior em nossa pr�pria vida.

Ao ler a lista de bons frutos (o fruto do Esp�rito) e maus frutos (as obras da carne) que Paulo apresenta em G�latas 5.19-21, onde voc� v� o reflexo mais fiel de si mesmo? Um exerc�cio mais proveitoso talvez seja pedir que as pessoas que lhe conhecem bem identifiquem, com base nessa lista, os aspectos positivos e negativos que observam em voc�.

Chegou a hora de n�s, como igreja global, nos apresentarmos humildemente diante de Deus e pedirmos ao Esp�rito Santo que comece em n�s uma obra de restaura��o para que possamos produzir os frutos mencionados por Paulo. Vamos preparar nossos cora��es para que sejamos conformes � imagem de Jesus em nosso pr�prio tempo.

Post modificado de LAUSANE

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